sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Menino e a Tartaruga



De certeza que, em mais do que um momento, as personagens das histórias que ouvimos e que contamos, conversam na nossa memória... Foi a propósito dessas conversas que a famíla Matos, participante da 6ª edição do projecto (C.E. Feitosa), criou este fabuloso diálogo entre duas das personagens mais queridas das nossas crianças: o menino de "Se eu fosse muito pequenino" e a Tartaruga de "A que sabe a lua".
Acompanhemos as suas aventuras:
O Menino e a Tartaruga


Tartaruga – Olá, eu sou a Tartaruga e tenho muitos amigos com um grande Desejo…
Menino – Eu sou um menino muito pequenino e consigo coisas fantásticas que pouca gente consegue. Ó tartaruga, posso saber que desejo é esse que tu e os teus amigos perseguem?
Tartaruga – Olha, temos o desejo de tocar e saber a que sabe a lua.
Menino – A que sabe a lua?!!!!!!!
Tartaruga – Já há algum tempo que à noite ficamos ansiosos a olhar o céu e a imaginar a que sabe a lua e como até ela chegar. Sabes, deve ser muito difícil, pois ela está longe.
E tu, menino pequenino, que coisas fantásticas consegues fazer?
Menino – Ó Tartaruga, sabes, eu, por ser muito pequenino faço coisas que os grandes não conseguem.
Tartaruga – Tais como?!!
Menino – Olha, ajudo as formigas a levar as sementes para as suas tocas, conto histórias de gigantes aos lagartos que apanham sol, até me posso meter num ninho de andorinhas…
Tartaruga – Ah! Ah! Ah! Fazes-me rir. Como é isso possível?
Menino – É. Não vês que sou muito pequenino.
E tu, diz-me lá, como vais fazer para chegar à lua?
Tartaruga – Sei lá.
Menino – Já sei. Que tal subires aquela montanha, e assim ficares mais perto dela? Tenta, talvez consigas.
Tartaruga – Boa ideia!
Menino – E depois pedes ajuda aos teus amigos.
Tartaruga – É melhor começar a escalar a montanha.
Menino – Boa. Enquanto fazes isso vou esconder-me na gaveta mais pequenina da cómoda do meu quarto, para jogar às escondidas com a minha mãe.
Tartaruga – Meu Deus, és mesmo muito pequenino…
Ui, Ui, já estou a ficar cansada e ainda vou a meio da montanha.
Menino – Faz um esforço e verás que consegues lá chegar
Tartaruga – Estou a chegar, mas ainda vejo a lua bastante longe. Vou ter que chamar os meus amigos para me ajudarem.
Menino – Então? Não consegues tocar a lua?
Tartaruga – Ainda não. Mas já está mais próxima. E tu, onde estás?
Menino – Estou aqui. Não me consegues ver?
Tartaruga – Não.
Menino – Aqui… Estou a tomar banho dentro deste dedal.
Tartaruga – Dentro de um dedal?!!!
Olha, o meu amigo elefante chegou, vou pedir-lhe para saltar para as minhas costas… Talvez fiquemos mais perto da lua.
Menino – Olha, eu se quisesse tinha uma maneira mais fácil de chegar à lua…
Tartaruga – Tinhas? Como?
Menino – Por ser pequeno, podia sentar-me na cabeça de uma gaivota, admirava a lua e voava sobre as ondas do mar…
Tartaruga – Pois, para ti talvez seja fácil. Eu, já não me bastava escalar a montanha, que ainda tenho que aguentar com o peso do elefante… E a lua ainda está tão longe.
Menino – Ainda te falta um pouco, mas não desistas…
Tartaruga – Ainda falta um bom pedaço. Até parece que quanto mais perto estamos dela, mas longe ela fica, parece que está a fugir. Acho que está a brincar.
Mas como tenho muitos amigos… Já cá chegaram mais dois.
Menino – E quem são?
Tartaruga – A girafa e a zebra.
Menino – Agora vai ser fácil. A girafa é muito grande e tem um pescoço enorme…
Tartaruga – Não creio, a lua continua muito longe. Tão longe como tu. Cá de cima não te consigo ver.
Menino – Pois não. É que eu estou escondido debaixo de uma porta para…
Tartaruga – Os meus amigos não param de chegar. Agora já cá está o leão, que vai saltar para as costas da girafa.
Menino – Boa! Enquanto vou fazer um barco para as minhas extraordinárias viagens…
Tartaruga – Tão pequenino e vais fazer um barco?!!!
Menino – Sim. Um barco, e depois faço longas viagens dentro da minha banheira.
Tartaruga – Dentro da tua banheira?!!!!!!!!!!!!!!!!
Menino – Sim. Basta somente uma rolha de cortiça e dois palitos para fazer de remos… depois é fazer-me ao mar.
Olha, cá de baixo, parece-me que a lua vos foge cada vez que chegais mais perto dela…
Tartaruga – Também me parece, mas eu tenho muitos amigos e depois de cá ter chegado o leão, já cá estão a raposa e o macaco. Mas… tenho um problema.
Menino – Um problema!?
Tartaruga – Sim. É que está a ficar muito frio aqui no cimo da montanha…
Menino – Olha, eu quando tenho muito frio, e como sou pequenino, vou no bolso do sobretudo do meu pai e até durmo no caminho para a escola.
Tartaruga – Eh! Eh! Eh! Deve ser muito bom sentir o quente do bolso do sobretudo do teu pai…
Ai, Ai… não aguento mais!...
Menino - Não aguentas?
Tartaruga – Já viste? Tenho em cima de mim um elefante, uma girafa, uma zebra, um leão, uma raposa e um macaco, e…
Menino – Que foi?
Tartaruga – É o meu amigo rato que está trepando por todos nós acima e… Boa. Boa, Boa…
Menino – Conseguiram?
Tartaruga – Sim, o meu amigo rato deu-lhe uma dentada…
Menino – Posso ir aí?
Tartaruga – Podes. Mas como o farias? Isto aqui é tão alto e tão frio…
Menino – Se deixares, podia atar-me ao fio de um balão vermelho e voar até aí como se fosse um pássaro ou uma nuvem…
Tartaruga – Podes, podes, e assim saberás também o sabor que tem a lua, pois o rato está a dar migalhas a todos os outros e sobra um pedacito para ti…
Menino – Que bom! Já estou voando… E, onde estais?
Tartaruga – Estamos aqui.
Menino – Ah! Já vos estou a ver…
Tartaruga –Aqui, aqui… Apresento-te os meus amigos… Pega o teu pedacito de Lua…
Menino – Obrigado.
Tartaruga – Agora, vamos ficar aqui a dormir todos juntos. Queres ficar connosco?
Menino – Não. Vou levar este pedaço de lua e convidar todos os meus amigos pequeninos para fazer uma festa.
Tartaruga – Bom, vou dormir, pois estou cansada…
Menino – Gostei de te conhecer. Depois da festa com os meus amigos pequeninos também vou dormir… dentro de um búzio da praia embalado pelas ondas do mar… e sonhar com este pedacito de Lua.
E o Tiago rematou - Vitória, vitória, acabou-se a história

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